SISU, ENEM e outros modelos para o Brasil
O Sistema de Seleção Unificada (SISU) é um sistema informatizado do Ministério da Educação (MEC) que permite a seleção de candidatos para vagas em instituições públicas de ensino superior do Brasil. O SISU foi criado em 2009, com o objetivo de simplificar o processo de seleção para as instituições públicas de ensino superior, tornando-o mais democrático e transparente.
Antes do SISU, cada instituição pública de ensino superior tinha o seu próprio processo seletivo, o que dificultava a vida dos estudantes que queriam concorrer a uma vaga em mais de uma instituição. Além disso, muitos desses processos seletivos eram baseados em critérios subjetivos, o que levantava questões sobre a sua transparência e justiça.
Com o SISU, os estudantes podem concorrer a vagas em diferentes instituições públicas de ensino superior a partir de uma única inscrição, com base na nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). As vagas disponíveis são atualizadas diariamente, de acordo com a demanda e a disponibilidade de cada instituição.
A criação do SISU foi elogiada por muitos, que o consideraram um avanço na democratização do acesso ao ensino superior. No entanto, críticos, especialmente da perspectiva marxista, apontam que o SISU ainda apresenta limitações em relação à sua capacidade de democratizar o acesso ao ensino superior.
Para os críticos avaliam que a criação do SISU não resolveu o problema da exclusão social no acesso ao ensino superior, que é estrutural e profundamente enraizado na sociedade brasileira. O acesso ao ensino superior ainda é fortemente determinado pelas condições socioeconômicas dos estudantes, como a renda e a origem familiar.
Além disso, apontam que o SISU ainda é um sistema de seleção baseado em notas, o que favorece os estudantes de escolas particulares e de maior renda, que têm mais acesso a cursos preparatórios e a uma educação de qualidade. Esses estudantes tendem a ter notas mais altas no ENEM e, portanto, são beneficiados pelo sistema.
Outra questão é que o SISU não resolve o problema da privatização do ensino superior, que tem sido uma tendência cada vez mais forte
Do outro lado da fronteira: o exemplo da Argentina
A oposição entre o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e o modelo de universidade popular adotado na Argentina pode ser vista a partir de algumas perspectivas, tais como:
Abordagem do ensino: O ENEM é um exame que avalia o conhecimento adquirido pelo estudante durante o ensino médio, enquanto a universidade popular adota uma abordagem de educação popular, que busca desenvolver o conhecimento crítico e reflexivo dos estudantes a partir de uma perspectiva mais ampla, levando em conta suas vivências e realidades.
Acesso ao ensino superior: O ENEM é um exame que permite o acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (SISU), enquanto a universidade popular na Argentina adota um modelo de universidade gratuita e aberta a todos os estudantes que desejam ingressar, independentemente de sua nota em um exame.
Estrutura e organização do ensino: O ENEM é uma prova padronizada, realizada em um único dia, enquanto as universidades populares da Argentina adotam um modelo de ensino mais flexível e diversificado, que permite aos estudantes escolherem as disciplinas e atividades que desejam cursar e desenvolver suas habilidades de acordo com suas necessidades e interesses.
Em resumo, o ENEM e o modelo de universidade popular adotado na Argentina apresentam diferenças significativas em termos de abordagem do ensino, acesso ao ensino superior, estrutura e organização do ensino, e financiamento e investimento em educação. O acesso aqui é que salta aos olhos
Acesso a universidade em outros modelos de sociedade:
Existem diferenças significativas no acesso à universidade, tanto em termos de método quanto em percentuais de acesso.
Brasil: No Brasil, o acesso à universidade é geralmente feito por meio do vestibular, que é um exame de admissão para universidades públicas e privadas. As universidades públicas são gratuitas, mas altamente competitivas e exigem que os estudantes passem por um processo seletivo rigoroso para ingressar. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2019, cerca de 18,5% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estavam matriculados no ensino superior. Isso da cerca de 8,2 milhões de estudantes universitários.
Cuba: Em Cuba, o acesso à universidade é bastante diferente do Brasil. O sistema educacional cubano é altamente centralizado e baseado no Socialismo. Os estudantes são selecionados com base em suas notas e habilidades, e o processo é altamente controlado pelo Estado. Em geral, o acesso à educação superior em Cuba é considerado um direito do cidadão e é gratuito para os cubanos. Segundo dados da UNESCO, em 2019, a taxa de matrícula no ensino superior em Cuba foi de cerca de 46%. Isso da cerca de 320 mil estudantes universitários.
China: Na China, o acesso à universidade é determinado principalmente por meio do Gaokao, um exame nacional padronizado que ocorre anualmente. Os estudantes são avaliados em uma ampla variedade de assuntos e suas notas determinam as universidades às quais podem se candidatar. As universidades chinesas têm alta demanda, mas oferecem vagas suficientes para acomodar a grande população do país. Segundo dados do Ministério da Educação da China, em 2019, a taxa de matrícula no ensino superior na China era de cerca de 51,6%. Isso significa cerca de 39.8 milhões de universitários.
Vietnã: No Vietnã, o acesso à universidade é baseado em um sistema de pontuação que leva em consideração o desempenho acadêmico e a participação em atividades extracurriculares. As universidades públicas são subsidiadas pelo governo e oferecem propinas relativamente baixas. Segundo dados do governo vietnamita, em 2019, cerca de 20,8% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam matriculados no ensino superior. Isso significa 2.1 milhões de universitários.
É importante notar que os dados apresentados acima são aproximados e podem variar dependendo de diferentes fontes. Além disso, cada país tem sua própria história, cultura e sistema político, o que influencia significativamente seus sistemas educacionais e políticas de acesso à educação superior.
Investimento em educação:
Segue abaixo a lista do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) investido em educação nos países de nossos comparativo:
Brasil: em 2019, o país investiu cerca de 5,3% do PIB em educação, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Argentina: em 2020, o país investiu cerca de 6,2% do PIB em educação, de acordo com o Ministério da Educação.
Cuba: em 2019, o país investiu cerca de 12,9% do PIB em educação, de acordo com a UNESCO.
China: em 2019, o país investiu cerca de 4,2% do PIB em educação, de acordo com a UNESCO.
Laos: em 2019, o país investiu cerca de 3,3% do PIB em educação, de acordo com a UNESCO.
Coreia do Norte (também conhecida como Coreia Popular): não há dados oficiais disponíveis sobre o percentual do PIB investido em educação.
Vietnã: em 2019, o país investiu cerca de 5,8% do PIB em educação, de acordo com a UNESCO.
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Este texto éuma provocação, uma comparação de sociedades para pensarmos: Como avançar?
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