Volta Redonda se manifesta contra poluição de CSN Privatizada
No domingo, 23 de julho de 2023, uma manifestação contra a poluição causada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) acontecerá na Praça Brasil, Vila Santa Cecília, em Volta Redonda. Organizada por moradores preocupados com o 'pó preto' emitido pela CSN sobre a cidade, estima-se que pelo menos mil manifestantes de Volta Redonda e Barra Mansa participem do evento.
Apesar de a CSN ter obtido uma liminar proibindo atos de vandalismo e obstrução de vias públicas, os organizadores afirmam que a manifestação ocorrerá normalmente. Os participantes são orientados a vestir roupas pretas e usar máscaras cirúrgicas, sendo permitido também o uso de cartazes para chamar a atenção para o problema.
As atividades da manifestação têm sido organizadas desde 2022, quando um grupo de moradores de Volta Redonda criou um grupo de WhatsApp para debater a poluição na região. A situação se intensificou neste mês, resultando em várias ações, como a contratação de um carro de som que percorreu bairros da cidade e panfletagens em locais estratégicos.
O pó emitido pela Usina Presidente Vargas (UPV), conhecido como 'poluente sedimentável', é composto por micropartículas de minério de ferro e tem causado queixas devido à sujeira acumulada na vegetação e nas residências, além de doenças respiratórias.
Em 2017, o Governo do Estado do Rio de Janeiro retirou as 'partículas sedimentáveis' da lista de poluentes monitorados pelas autoridades ambientais, o que gerou protestos dos moradores e grupos da sociedade civil. Em uma reunião em 18 de julho de 2023, a diretoria da CSN anunciou um investimento de R$ 700 milhões para reduzir a emissão de poluentes na cidade e se comprometeu a tomar outras ações de manutenção e prevenção até agosto de 2024, conforme o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea).
Além disso, foi apresentado um Projeto de Lei à Assembleia Legislativa do Rio que inclui a categoria 'poeira sedimentável' no monitoramento da qualidade do ar e cobra informações sobre o cumprimento dos TACs assinados pela CSN nos anos anteriores.
A CSN divulgou uma nota pública afirmando seu compromisso com o direito à livre manifestação, mas também destacando ações judiciais para impedir atos ilegais e vandalismo durante a manifestação.
Vale ressaltar que houve um acidente envolvendo uma mulher de 48 anos, com problemas psiquiátricos, que morreu atropelada por um ônibus na entrada do bairro Santo Agostinho, em Volta Redonda.
***
Esse evento é apenas o mais recente capítulo na luta contra o racismo ambiental que tem sido uma triste realidade para os moradores da região.
O racismo ambiental é uma forma de injustiça ambiental que ocorre quando comunidades racialmente minoritárias são desproporcionalmente afetadas por danos ambientais, poluição e outros problemas relacionados ao meio ambiente. O "pó preto", que é composto por micropartículas de minério de ferro emitidas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), é uma clara manifestação desse tipo de racismo ambiental. Ele vem afetando a qualidade do ar, a saúde respiratória e a qualidade de vida dos moradores, principalmente aqueles que vivem em bairros mais vulneráveis.
Em 2017, o Governo do Estado do Rio de Janeiro retirou o "poluente sedimentável" da lista de poluentes monitorados pelas autoridades ambientais, deixando os cidadãos desprotegidos e vulneráveis aos impactos prejudiciais dessa poluição. Essa decisão gerou indignação entre os moradores e representantes da sociedade civil, que pediram maior controle e responsabilização da CSN.
A privatização das empresas estatais, como a CSN, tem sido apontada como um dos fatores que agravam a vida das comunidades afetadas. Com a busca por lucros e a pressão para reduzir custos, muitas vezes o meio ambiente e a saúde das comunidades locais são relegados a segundo plano. As decisões tomadas visando apenas ao benefício econômico podem resultar em danos irreparáveis ao ecossistema e à saúde das pessoas.
II) A Privatização e seus Impactos na Qualidade de Vida
A manifestação deste domingo também levanta questões importantes sobre os impactos da privatização de empresas estatais na qualidade de vida das pessoas. A CSN é um exemplo de como a privatização pode levar à deterioração das condições de vida das comunidades locais.
Após a privatização, empresas frequentemente buscam maximizar seus lucros, e isso pode significar cortes em gastos com segurança ambiental e medidas de controle de poluição. A preocupação principal passa a ser o resultado financeiro, e as consequências sociais e ambientais são frequentemente negligenciadas.
Além disso, a privatização afeta negativamente a transparência e a responsabilidade das empresas. Decisões importantes podem ser tomadas de forma menos democrática e participativa, deixando as comunidades afetadas sem voz nas questões que as afetam diretamente.
A luta contra o "pó preto" e a poluição industrial é um grito por justiça ambiental e social. As comunidades locais merecem viver em um ambiente saudável, e ações concretas devem ser tomadas para proteger seu direito a um meio ambiente limpo e seguro.
A inclusão do parâmetro de "Poeira Sedimentável" nos serviços de monitoramento da qualidade do ar, conforme proposto no Projeto de Lei apresentado à Assembleia Legislativa do Rio, é um passo na direção certa para retomar o controle sobre as questões ambientais e responsabilizar as empresas por suas ações.
O poder público também tem um papel crucial nesse processo. É fundamental que as autoridades estejam comprometidas em proteger o meio ambiente e garantir que as empresas operem de forma responsável e sustentável, priorizando a saúde e o bem-estar das comunidades.
Nesse sentido, a manifestação de domingo não é apenas uma denúncia dos danos causados pelo "pó preto", mas também um apelo por mudanças significativas em como a poluição industrial é abordada e regulamentada. A luta contra o racismo ambiental e a privatização prejudicial é uma luta pela dignidade, igualdade e justiça para todos.
0 Comentários