Ciclone aprofunda miséria no campo e mata 40 no Rio Grande do Sul




Ciclone aprofunda miséria no campo e mata 40 no Rio Grande do Sul

por Comitê de Apoio – Porto Alegre (RS)
 07/09/2023 
Disponível em: Jornal A Nova Democracia 



Milhares de famílias camponesas perderam sua produção e criações ou estão desalojadas e 40 morreram em decorrência da falta de estrutura para monitoramento e contenção dos efeitos das fortes chuvas provocadas pelo ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul nos dias 2, 3 e 4 de setembro. A região do Vale do Taquari, que conta com mais de 43 mil pequenos produtores, foi a mais afetada. As mortes registradas já superam a maior tragédia natural das últimas quatro décadas no estado, quando 16 pessoas morreram em junho. Este é o terceiro ciclone extratropical que atinge o estado em três meses.
A Defesa Civil estadual contabilizou 79 municípios atingidos no estado. Mais de 6 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas e estima-se em 56.787 o número total de afetados.

Uma das cidades mais impactadas pela tragédia foi Muçum, que teve mais de 85% de sua área completamente alagada pela enchente do Rio Taquari. Todas as entradas para a cidade foram interditadas e o fornecimento de energia elétrica e telefonia foram cortados. Nove moradores seguem desaparecidos. Após a passagem do ciclone, moradores saquearam um mercado da cidade. 

Milhares de camponeses sofreram com a destruição de lavouras inteiras e morte de criações. Uma foto tirada em Muçum mostra uma ovelha morta pendurada na fiação elétrica de uma das principais avenidas da cidade. Em um vídeo, porcos são vistos ilhados no telhado de uma casa na região. Além dos três ciclones, o Rio Grande do Sul foi impactado por duas estiagens seguidas que aumentaram os custos de produção. Isso impactou diretamente na renda familiar destes pequenos produtores rurais.

Já em Roca Sales, também no Vale do Taquari, nove pessoas morreram quando o rio transbordou e invadiu a cidade. A quase centenária ponte de ferro da cidade, que ficava a 22 metros de altura do rio, foi arrancada pela força da água. O único hospital da cidade também foi completamente destruído.

Em Lajeado, no Vale do Taquari, duas mortes foram confirmadas. Um trabalhador disse ao monopólio de imprensa G1 que a esposa e os dois filhos bebês estão desaparecidos após terem sido arrastados pela correnteza no dia 05/09. Segundo o trabalhador, de dois a três barcos com motor das equipes de resgate passaram pela família ilhada e não atenderam aos pedidos de socorro. “Se eles [equipes de resgate] não forem atrás, eu vou entrar dentro daquele rio. Eu vou entrar naquele rio, é o juramento de um pai”, afirmou.

Houveram mortes também em Passo Fundo, Ibiraiaras, Mato Castelhano, Estrela, Santa Tereza, Imigrante e Cruzeiro do Sul.

Apesar da recorrência do fenômeno, não há propostas de soluções definitivas por parte do governo para as massas que, ano a ano, se vêem vítimas dos efeitos das fortes chuvas. Pelo contrário, as verbas para prevenção dos efeitos dos desastres sofrem cortes gravíssimos desde 2013. São inúmeras as formas de contenção dos impactos sobre as massas camponesas e suas criações, desde a criação de abrigos até o auxílio na evacuação, com antecedência, para locais mais seguros. Todavia, a aplicação destes e outros planos de prevenção não está na agenda dos sucessivos governos a serviço do latifúndio.

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