Um breve histórico das armas de destruição em massa e seus principais tratados: Ênfase nas armas atômicas

Um breve histórico das armas de destruição em massa e seus principais tratados: Ênfase nas armas atômicas 



Infância:

As armas de destruição em massa podem ser resumidas, a grosso modo, como artefatos de guerra com potencial destrutivo fora do comum da guerra tradicional e até mesmo dos bombardeios. Também se caracterizam por forças cuja capacidade no mentos de doenças com armas biológicas, a contaminação em dominó das armas químicas). Porém, estas definições são excessivamente vagas, cabendo sua definição com uma equivalência, mais pela sua definição política que científica. Armas de destruição em massa são as armas nucleares, químicas e biológicas.

Dito isto, as armas atômicas, mais famosas, passaram por mais de meio século de desenvolvimento científico até que se torna-se possível, como frisa Leite (2017) “o domínio do átomo só se tornou possível com as teorias desenvolvidas pela física do início do século XX”. O avanço científico, até então, arraigado de uma visão que mesclava o progressismo iluminista com o isolamento social do positivismo, tentava se caracterizar como a margem dos processos sociais, até mesmo a área de história da ciência tenta pintar os primeiros estudos da física como semi-autômatos de sua época, neutro aos conflitos políticos, assim como neutro aos desejos de seus pesquisadores.

Os anos 30 foram especificamente produtivos ao estudo atômico, por exemplo, em 1934 s cientististas Joliot e Irene Curie (Filha do nobel em física de 1903 e química de 1911) desenvolveu um estudo que sintetizou novos elementos radioativos classificados como não naturais (Leite, 2017 p.01) recebendo o nobel de física de 1935; outro cientista foi Enrico Fermi, que vivia na Itália e estudava os nêutrons, recém descobertos (1932), EUA (justamente quando recebeu o nobel de física 1938) e lá manteve sua pesquisa, acompanhado de Niels Bohr, que estudava as reações em cadeia do Urânio (Leite, 2017 p.01); Lise Meiters e Strassmann pública da alemanha os resultados de uma experiência de fissão nuclear na revista Nature em 16 de janeiro de 1939, prontamente testado por Fermi nos EUA (Leite, 2017 p.02), etc. 

Já em pleno desencanto com a neutralidade da ciência, no calor do início da II guerra (1939-1945) Eistein, Szilárd, Fermi e outros em Outubro, mas em agosto deste mesmo ano já havia enviada uma com o seguinte teor- recorte nosso: 

“Algumas pesquisas desenvolvidas recentemente por E. Fermi e L. Szilard, cujas comunicações me foram entregues em manuscritos, induziram-me a considerar que o elemento urânio possa ser transformado, num futuro próximo, em uma nova e importante fonte de energia. Alguns aspectos da situação justificam uma certa vigilância e uma rápida intervenção por parte da administração estatal. Considero, portanto, que seja meu dever solicitar a V. Excia. grande atenção para os fatos e recomendações que se seguem: Nos últimos quatro meses, foi confirmada a possibilidade (gplraças aos trabalhos de Juliot Curie, na França e os de Fermi e Szilard, na América) que torna possível produzir, em uma grande massa de urânio, uma "reação nuclear em cadeia" capaz de gerar grande quantidade de energia e numerosos elementos com características semelhantes ao raio. Atualmente, temos quase que certeza que poderemos chegar a estes resultados num futuro imediato. Este novo fenômeno poderá permitir a construção de bombas extremamente potentes. Uma única bomba deste novo tipo, transportada por uma embarcação e explodindo num porto, poderá destruir inteiramente o porto e grande parte do território adjacente. Todavia, elas devem ser relativamente pesadas para serem transportadas por avião. Os Estados Unidos dispõem de uma quantidade pequena de minérios com baixo teor de urânio. Encontramos bons minérios de urânio no Canadá e na Tchecoslováquia, sendo que o país que possui as melhores minas de urânio é o Congo Belga. Em função de toda esta situação, seria interessante e oportuno um contato permanente entre a alta administração do governo e o grupo de físicos que estão estudando a "reação em cadeia" na América. Uma das maneiras de realizar tal ligação seria a escolha de uma pessoa que gozasse de sua confiança e que poderia agir de maneira não oficial.(...)”(Souza,2016 p.48)

Alertando para a possibilidade de desenvolvimento da bomba pelos alemães, concomitantemente em 39’ os alemães começam os estudos para uso das reações em cadeia do Urânio para fins militares, a linha de pesquisa de Werner Heisenberg que usava água pesada atrasou o processo de criação da bomba (Leite,2017 p.3). Nos EUA avançava o novo e secreto projeto Manhatan onde a estrutura política e econômica do país e suas principais mentes se voltam para construção do artefato com Robert Oppenheimer como responsável (Leite,2017 p.3).

Enquanto isso na guerra, o regime fascista de Mussolini cai pela resistência interna e ele vê sua política externa (e a si próprio) sendo postos de ponta cabeça, os nazistas encararam Stalingrado e a derrota posto a posto da Grande Guerra Patriótica com a URSS liberando diversos campos de concentração e o dia D estadunidense inaugurando a corrida para Berlim, com efeitos parecidos na frente ocidental, culminando na derrota drástica do nazismo. Já na frente do pacífico temos um inimigo, o Japão o nacionalismo Showa não mostrava rachaduras internas, inclusive seus soldados se mostravam altamente motivados e disciplinados (a exemplo dos Kamikaze) , assim como o mesmo exemplo mostra a inferioridade militar e a perda acelerada de recursos para guerra. A frente do pacífico, em mãos estadunidenses tinha a opção de uma guerra longa e sangrenta, ilha a ilha ou de táticas de asfixia comercial, entre inúmeras outras, mas optou pelo mais experimental e potente- além de genocida.

Adolescência:

“6 de agosto de 1945. Numa manhã de verão, ainda cedo, a cidade se prepara para mais um dia de trabalho. De repente, sem alerta, um imenso clarão se forma no céu e uma onda de choque surge arrasando casas, prédios, destruindo tudo em volta. Algo diferente de tudo que jamais se vira na face da Terra. Aos efeitos devastadores imediatos da imensa explosão, que matou mais de 100 mil pessoas, seguiu-se o pavor de pessoas vivas se derretendo, outras enlouquecendo com as dores de queimaduras invisíveis. O terror da morte somou-se ao terror do desconhecido. Os que não morreram na hora pereceram de forma lenta e inexorável, durantes horas, dias ou até mesmo anos de sofrimento intenso. Muitos que não viviam na cidade sofreram as conseqüências das chuvas negras, altamente radioativas, oriundas da explosão. A cidade de Hiroshima foi aniquilada por uma nova arma, cuja origem não era mais química, mas atômica, iniciando assim um novo patamar nas armas de guerra, a destruição em massa.”(Leite,2017 p.1)

Os lançamentos de Hiroshima e depois de Nagazaki vitimaram certamente 300 mil pessoas e venceram a guerra, o genocídio mais rápido da história havia sido feito e uma nova fase das armas de destruição em massa entra no mapa.

A nova correlação de forças entra no mapa, as disputas entre URSS e EUA se fortalecem e a chamada guerra fria ou paz quente se manifesta, o impasse entre as duas nações exigia uma constante busca pela correlação de forças, este proceso alimentou uma corrida armamentista sem precedentes, os soviéticos já em 49’ estam sua primeira bomba atômica, em 1950 os EUA já avançaram na criação da bomba H, testada em 1952 e fez uma ilha no pacífico desaparecer (Leite,2017 p.5). A potência era tão grande que “Ainda na década de 1950 foram testadas bombas com poder de destruição equivalente a 60 milhões de toneladas de dinamite, 3 mil vezes mais potentes que a bomba lançada sobre Hiroshima’(Leite,2017 p.5). Este momento é parte da reflexão de Lafer(1998 p.6) “Este paradoxo se traduziu na conhecida fórmula Paix impossible – guerre improbable com a qual Aron descreveu o impasse político estratégico da Guerra Fria, que associava à confrontação ideológica entre blocos a perversa lógica da escalada armamentista e da dissuasão nuclear””. 

Devemos nos contrapor à ambos, em uma pequena polêmica, o momento não traduzia justamente o oposto do que eles afirmam? A pax era improbable, pois todos os elementos de conflito territorial e de influência que geraram quase a totalidade das guerras anteriores (até mesmo as I e II grande guerras) estavam presentes agora polarizada em dois blocos absolutamente visíveis - a possibilidade da guerra assombrava todo o planeta e colocava todas as forças militares em pé e guarda permanentes - e a guerre impossible, o Mutual Assured Destruction determinou àquele conflito o futuro da humanidade, de forma que ambos os países não foram compelidos a guerra da paz impossível, mas atirados a hesitar da guerra de vitória impossível.Portanto, do nosso entendimento teórico estamos diante de uma pax impobable-guerre impossible, pois do ponto de vista subjetivo (político e das soluções construídas diante dos problemas materiais) a paz se cnstruia improvavel, ou seja, a probabilidade da guerra sempre rondou o período, mas quando caímos nas questões objetivas a guerra era impossível, dada a sua abundância de poderio destrutivo.

Na década seguinte os combalidos países da Europa lograram suas próprias bombas atômicas, especialmente Inglaterra (1957), França (1960), ainda aqueles países que desejavam se projetar com alguma independência no cenário internacional ou afugentar seus vizinhos também correram em direção de sua própria ogiva, como a China (1964) e nos anos 70’ em diante Índia, Paquistão e Israel (este não oficialmente e a arrepio da norma internacional, como quase boa parte de sua história) desenvolveram seus arsenais atômicos. Lembremos que “índia, Israel, Paquistão, Brasil, Argentina e África do Sul, eram informalmente designados como países no limiar, ou no umbral nuclear. Esse limite, contudo, não era oficialmente cruzado, ou seja, em seus cálculos de risco os Estados à margem do TNP exerciam auto-contenção,”.(Lafer, 1998 p.6).

Em 1967 Brasil e Argentina encontraram um caminho próprio de transparência, o Tratado de Tlatelolco, que culminou em mecanismos de inspeção mútuas, manteve seus projetos nucleares públicos e abertos e decretou a América Latina como zona livre de armas nucleares (Lafer, 1998 p.7).

O desenvolvimento tecnológico colocou as armas químicas e biológicas dentro do radar das armas de destruição em massa, usadas notadamente na guerra EUA-Vietnã (1955-1975) e Guerra da Coreia (1950-1953), impulsionando a Convenção de proibição de armas biológicas, de 1972 e posteriormente a Convenção de proibição de armas químicas, assinada em 1993”(Lafer, 1998 p.6)

Os estados que preferiam se pintar como não alinhados ou que ensaiavam certa diferença do alinhamento automático às potências tentavam se manter longe do tratado de Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP- 1970), inclusive o Brasil assim como os Europeus com ogivas (Lafer, 1998 p.1). Isso significou um avanço profundo da posição estadunidense no regime internacional, iniciando um processo de desarmamento geral além de se consolidar como a principal nação de potencial nuclear.

Na segunda metade dos anos 80’ em diante esta tendência se reverte, a crise estrutural de EUA e URSS que se arrastava dos anos 70’, além do relaxamento e posterior fim da guerra fria (com a perestroika e em seguida queda e autogolpe da URSS), no esforço contra a possibilidade de guerra nuclear e já no escopo da reorganização do poder internacional, diversos países do mundo assinam a TNP e em seguida desenvolvem o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT). Outros fatores foram ““redemocratização da América Latina e o fim do regime de apartheid na África do Sul -, quanto em nível internacional - como o fim da Guerra Fria -, concorreram para encorajar a grande maioria dos países até então à margem do TNP a ele aderirem.”(Lafer, 1998 p.7).

Apontando este processo de desnuclearização Lafer nos diz (Lafer, 1998 p.14).


“Essa noção se reforçava com a consolidação das zonas livres de armas nucleares, que, após a plena vigência dos tratados de Tlatelolco e arotonga, se estenderam a partir de 1996 ao continente africano (Tratado de Pelindaba) e ao Sudeste Asiático (Tratado de Bangkok). (...)Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT) permitiu a assinatura de protocolos (como o de Rarotonga) por países até então deles ausentes, como a França. (...) talvez EUA e Rússia estejam de fato reduzindo o número de armas nucleares em estado operacional, tais reduções não fazem parte de um programa que inclua os demais Estados possuidores e o processo START tampouco os compromete a eliminar completamente seus arsenais.”

Hoje a distribuição do arsenal nuclear se apresenta de tal maneira: 

Amadurecimento:

O momento de amadurecimento do fenômeno das armas de destruição em massa especialmente a atômica acontece o século XXI, onde as armas nucleares parecem ter tomado um papel secundário diante da redistribuição e ao mesmo tempo concentração de poder nos EUA, a globalização econômica e este era o centro do debate internacional (Nascimento, 2008 p.02) e o que Hobsbawn chamou de Pax Americana (Hobsbawn,2019 p.69) que é a paz no interior do império e sua estabilidade garantida pela guerra constante no âmbito internacional e ao mesmo um controle sobre o regime de guerras. Lafer, pré dizendo parte do problema de um novo período (e já diante da guerra civil da Iugoslávia, por exemplo) tenta buscar em Aron teorias que explicassem este novo momento, por duas vezes no artigo:


“Raymond Aron, que a guerra é um camaleão. Pode assumir novas formas de acordo com os objetivos e meios tecnológicos de que se dispõe, sobretudo num mundo em que se destaca a pluralidade das armas. Neste sentido, importa sublinhar que a tecnologia contemporânea diluiu as fronteiras entre conflitos maiores e menores; tornou ainda mais clara a quimera da "arma absoluta" que asseguraria a invulnerabilidade de qualquer Estado e sociedade; e ao associar a revolução da informação à irrupção da violência”(Lafer, 1998 p.4).


“As máquinas e a técnica, para continuar com Raymond Aron, não fazem a História, mas sem dúvida modificam as condições a partir das quais os homens a fazem. Neste fazer, em matéria da dicotomia paz/guerra, sem desconsiderar o dado tecnológico, é preciso conferir a devida preeminência à interação entre vontades contrapostas. Esta interação, como adverte Thérèse Delpech, obedece a lógicas mais complexas que a lógica binária dos computadores. Assim, é preciso também ter presente, em matéria de segurança, que a natureza e as características da guerra nos últimos anos vêm assumindo contornos às vezes muito distintos.”(Lafer, 1998 p.6).

Lafer e Aron novamente enxergam o mundo de ponta cabeça, para usar terminologias consagradas da ciência política, não são as novas tecnologias que geram um novo ambiente de guerra, mas a necessidade de novos ambientes de guerra que vão fazendo as novas tecnologias avançarem. Percebam, as guerras totais, de particular poder destrutivo e entre grandes poderios foram superadas (ou quase isso) pelo poder atômico que pode eventualmente destruir todo o planeta, e a espécie humana em particular, tornando a vitória nesta guerra impossível. Ao mesmo tempo, para manter os termos da citação, a arma absoluta se mostrou um ótimo artifício ante agressões, então como fazer a manutenção da guerra e do uso da força política neste novo patamar? Construindo as guerras de baixa intensidade, as nações hoje fazem guerras sangrentas, mas de intensidade destrutiva bastante moderada dada a sua pujança, ao mesmo tempo ao se blindarem da agressão de outros estados,os gigantes mostraram os pés de barro, e grupos não estatais começam a construir ataques aos Estado poderosos, a guerra de baixa intensidade chega nas mãos dos inimigos via multinacionais, que criam protótipos e espalham deliberadamente este modelo, comumente conhecido como terrorismo e onde as armas de destruição em massa ganha novo contorno de debate- armas químicas e biológicas! 

Como diria Marx em 18 de Brumário “Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.”(Marx,2015 p15). O início do processo de criação da guerra de baixa intensidade e do terror dos grandes países ocidentais se dá com os próprios estadunidenses na guerra do Afeganistão (1979-hoje), ao tentar neutralizar a URSS na região os EUA fortalecem e criam os talibãs! Como descreve Nascimento (2008 p.4): 

 “wahabis salafis sauditas convocaram a “World Wide Jihad”, na qual islâmicos sunitas de diversas partes do mundo foram recrutados e treinados para interceder no Afeganistão; como conseqüência, os mujahidim (ou seja, o movimento de resistência do Afeganistão) se tornaram islâmicos radicais e, posteriormente, transformar-se-iam na base de apoio do regime Taliban; mais tarde, ofereceram suporte à al-Quaeda”

Estes vários grupos armados, espalhados pelo globo, em geral armados com artefatos de guerra ao que tudo indica de multinacionais estadunidenses e até mesmo européias, começam a organizar ataques às grandes nações em seus territórios ou na própria nação lida como inimiga. Por exemplo “No período entre 1993 e 1998, de acordo com Walid Phares, ocorreu a
primeira onda de terror internacional contra o antigo inimigo dos jihadistas sunitas, os Estados Unidos e o Ocidente” (Nascimento, 2008, p.05). A guerra de pequena intensidade estava inaugurada e os grupos transnacionais começam a agir militarmente dada a pujança do poder estatal, a alta disponibilidade de armas, não apenas muda a guerra como propôs Aron-Lafer acima, ela barateia e muito.

Entre 1988 e 2001 estes atos começam a ficar mais frequentes e temos uma segunda onda de ataques terroristas, que começam a ganhar este nome, os antigos “atos criminosos” se tornam “ataques terroristas” e entram no primeiro plano da agenda internacional (Nascimento, 2008, p.06), assim os grupos começa a procurar por armas de destruição em massa “o objetivo destes jihadistas era, agora, o balanço de terror com o Ocidente, por meio das armas de destruição em massa. Eles estavam interessados em armas que pudessem deter os norteamericanos. E, para tanto, deveriam obtê-las de alguma maneira, ou produzi-las”(Nascimento, 2008, p.07). Seu ápice foram os atentados das torres gêmeas nos EUA, que inaugurou um novo momento para regime de guerra internacional e, para nosso tema, inaugurou um novo centro de debate das armas de destruição em massa.

EUA e Europa trabalharam para fechar o cerco internacional e diminuir o acesso destes grupos as armas químicas e biológicas, um destes mecanismos foi a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sobre sua Destruição, que acelerou seus trabalhos e em 2013 já destruiu cerca do 78% do estoque de armas químicas declaradas, além de as armas químicas serem por algum tempo principal pretexto do início de alguns conflitos como a mortífera guerra do Iraque.

O pretexto da guerra do Iraque e o desenrolar da Al Quaeda e o Estado Islâmico demonstrou algo que Nascimento discute em seu artigo, a classificação e risco dos “Estados Falidos”, como ela define baseada em Esther Bardé: 

Desta maneira, segundo Esther Barbé, os Estados se encontram posicionados de acordo com uma certa hierarquia. Há Estados que apresentam maiores recursos e são capazes de exercer maior influência no Sistema Internacional do que outros. Estes últimos podem apresentar um certo grau de falência em suas instituições, comprometendo assim a sua capacidade parainfluenciar o Sistema, ainda que possuam determinados recursos à disposição. Estes são os denominados “Estados falidos” (Nascimento, 2008, p.04)

Os Estados falidos, tem menor habilidade, poder ou vontade política de fiscalização sobre a proliferação de grupos terroristas e da própria produção de armas. Não apenas abrigar, mas os na fronteira entre falido e não falido poderiam até mesmo financiar estes grupos (Nascimento, 2008, p.05), é claro, sua fonte é o Carnegie Endowment for International Peace, grupo que erra muitas de suas avaliações por um viés político excessivamente liberal. Mesmo assim, é interessante esta classificação se trouxermos por exemplo a teoria de dependência de Rui M.Marini (1974) e os mecanismos da dependência, aqueles países deixados na periferia ganham cada vez menos margem econômica, social e política, seu Estado se enfraquece caindo por vezes na “falência”, quase em sua totalidade induzida e - já partindo para uma digressão- em seu seio grupos começam a se rebelar, por vezes contra o inimigo externo, no Oriente a cria dos próprios EUA.

Desta forma este novo período das Armas de Destruição em massa marcam-se por estes atores Transnacionais, como já citados divididos em duas grandes marcas, que se misturam. A inicial com maior número de ataques (1988-2001) e uma segunda onde o número de ataques diminui e o mortos aumenta (1998-2003),(Nascimento, 2008, p.08), tudo indica que entre 1988 e 1998 um amplo processo de modernização do armamento destes grupos ocorreu, isso talvez com os ataques com os armamentos químicos e biológicos. Não temos hoje dados atualizados, mas ao que a mídia tem demonstrado, os ataques parecem ter se espalhado (para Europa por exemplo) e ao mesmo tempo no Oriente Médio a guerra se intensificou * ainda com armas do tipo que classificamos de baixa intensidade.

Até 2001 a leitura dos relatórios internacionais e internos, por exemplo o relatório RIAC não considerava em 2001 que os grupos terroristas pudessem fabricar ou adquirir armas de destruição em massa, em 2008 já avaliava “Desta maneira, existe a possibilidade de produção de armas químicas e/ou biológicas e toxinas, por parte das organizações terroristas. Mas, se elas estiverem fundamentadas na religião, a possibilidade de produção de armas biológicas e toxinas torna-se remota, e mais vantajosa seria a produção de armas químicas”(Nascimento, 2008, p.14), ou seja, o caminho de aquisição desses caras tem de ser pelos senhores de guerra (vendas secretas das multinacionais da guerra) em Estados nde a fiscalização seja fraca ou exista uma cooperação aberta.


Considerações: 

Queríamos como Leite acreditar que é possível limpar a tecnologia e a ciência e entendemos como ele que uma mudança radical no processo e divisão do poder, em suas palavras: 

Uma nova ordem social Torna - se cada dia mais imperativa. O conceito vigente de progresso, no qual a novidade da hora é apresentada como melhor que todo o anteriormente existente (tachado de velho e obsoleto) , precisa ser desmascarado. Tampouco podemos voltar à Idade Média com seu conceito de paraíso perdido, que julgava o antigo superior ao novo. Como disse o marxista Ernest Bloch, as utopias movem a história, para o bem ou para o mal. Sonhemos,pois,com um mundo mais humano, justo, solidário, sem as abismais desigualdades sociais hoje existentes. Pensemos num mundo no qual a ciência, submetida a um controle social democrático, seja usada para aliviar a miséria da existência humana, para preservar nosso planeta e para consertar o estrago que ela própria ajudou a causar, e não mais para alimentar a indústria da destruição e os lucros astronômicos de indústrias farmacêuticas, de biotecnologias agrícolas, entre outras. (Leite,2017 p.7)

Mas a história tem nos mostrado duas coisas, que pudemos perceber no levantamento acima: 

A tendência de desarmamento nuclear dos Estado irá esbarrar na contraposição ao poderio dos EUA, Estados como Coreia do Norte produziram seu armamento nuclear para adquirir poder de barganha, o irã busca o mesmo, entre outras nações que ao buscar um caminho independente dos EUA e contra-hegemônico serão lançadas neste caminho.
O super fortalecimento do Estado ante Estado gerou uma nova categoria de guerra, a guerra de baixa intensidade, que pode ser definida como: Uma nova etapa do regime de guerras- Estre Estado e dos grupos transnacionais com os Estados.
Os fatos acima trazem novo foco ao embate das armas de destruição em massa, voltados especificamente as armas químicas e biológicas de mas fácil acesso e transporte e as armas nucleares são meramente para cálculo de poder, por hora.

Infelizmente, para chegar ao que Leite (2017) propõe teremos de fazer o caminho oposto, para desejar a paz teremos de estar prontos para guerra, para termos uma ciência do povo, a ciência militar e nacionalista tem de estar avançada. 

Referências:


HOBSBAWM, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. Companhia das Letras, 2019.

LAFER, Celso. As Novas Dimensões do Desarmamento: os Regimes de Controle das Armas de Destruição em Massa e as Perspectivas para a Eliminação das Armas Nucleares. IEAUSP. 1998

Leite, Marco Antônio Sperb. O PROGRESSO DA DESTRUIÇÃO. Revista UFG, v. 9 n. 4. 2017

MARINI, Ruy Mauro; SADER, Emir. Dialéctica de la dependencia. México: Era, 1974.

Marx, Karl. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. Boitempo Editorial, 2015.

Nascimento, Gisele Novas do. Estados falidos e armas de destruição em massa: a conjunção ideal para as organizações terroristas?Rev, Economia e Relações Internacionais volume 6 / número 12/ janeiro 2008, p. 149-162

Souza, Marcos Vinicius. Lima BOMBA ATÔMICA: ENSINANDO FÍSICA E ENERGIA NUCLEAR NUM CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIOCULTURAL.UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - mestrado profissional em ensino de física, 2016.








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