Os afetos no Capitalismo
A literatura e a ficção sempre foram importantes para compreender os afetos presentes em uma sociedade, especialmente no capitalismo. O modo como os personagens são retratados e como as histórias são contadas revelam muito sobre os sentimentos mobilizadores de cada classe social.
Burguês: Para a classe burguesa, o sentimento mobilizador é o tédio. Em uma sociedade que privilegia o consumo e o prazer imediato, o tédio surge como um sentimento de falta de estímulo e de insatisfação constante. Uma obra de ficção que exemplifica isso é "Ennui", de Maria Edgeworth, que conta a história de um jovem aristocrata que não encontra sentido na vida e se vê preso em um casamento sem amor.
Pequeno burguês: Já para a classe pequeno burguesa, o sentimento mobilizador é o desespero. Essa classe é marcada pela busca incessante pelo sucesso e pela estabilidade financeira, mas muitas vezes acaba frustrada em seus objetivos. A obra "O Estrangeiro", de Albert Camus, retrata bem essa sensação de desespero e alienação, ao contar a história de um homem que não consegue se adaptar às normas da sociedade.
Proletário: Para a classe proletária, o sentimento mobilizador é a revolta e o ódio. Essa classe é a mais oprimida e explorada pelo sistema capitalista, o que gera uma revolta constante contra as injustiças sociais. A obra "Os Miseráveis", de Victor Hugo, é um clássico que exemplifica bem essa luta proletária, ao contar a história de um ex-presidiário que busca justiça e redenção em uma sociedade que o marginaliza.
O neoliberalismo tem castrado a capacidade das classes sociais de sentir e de ter consciência de si mesmas. O individualismo e a busca pelo lucro têm levado as pessoas a se desconectarem dos seus sentimentos e da sua empatia com os outros. Isso tem gerado problemas como a violência e a saúde mental, que são cada vez mais comuns em nossa sociedade. A literatura e a ficção podem nos ajudar a refletir sobre esses afetos e a buscar formas de resgatar a nossa humanidade.
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