As críticas em geral ao novo Scream (Pânico) são positivas e destacam a habilidade do filme em balancear humor e terror, além de trazer de volta personagens icônicos da franquia original. Os críticos também elogiam a performance dos atores e a direção de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett.
No entanto, algumas críticas apontam que o filme pode ser previsível para quem já conhece a franquia, e que as mortes e reviravoltas podem ser menos impactantes do que em filmes anteriores.
Em resumo, "Pânico 6" é um filme de terror/suspense que agrada aos fãs da franquia original e consegue manter a qualidade e a diversão do gênero slasher, mas não traz muitas novidades para quem já está familiarizado com a história e a estrutura do filme.
O filme "Scream" (1996), dirigido por Wes Craven, é conhecido por ter inovado no gênero slasher ao incluir elementos de ironia e metalinguagem na narrativa. O filme é uma espécie de "paródia" dos filmes de terror slasher, que foram populares nas décadas de 1970 e 1980.
Em "Scream", os personagens são conscientes dos clichês e convenções dos filmes de terror, e comentam sobre eles durante o filme. Isso cria um efeito de auto-referência e metalinguagem que é incomum no gênero slasher.
A ironia é um elemento importante na narrativa de "Scream", pois permite que o filme subverta as expectativas do público em relação ao que vai acontecer. Por exemplo, o assassino do filme não segue as regras dos filmes de terror, matando personagens de maneira imprevisível e quebrando as convenções do gênero.
Em resumo, "Scream" inovou ao introduzir a ironia e a metalinguagem no gênero slasher, criando um filme que é consciente de si mesmo e que subverte as expectativas do público. Essa abordagem influenciou muitos outros filmes de terror e é considerada uma das marcas registradas da franquia "Scream".
A ironia
Slavoj Žižek é um filósofo contemporâneo esloveno que tem como uma de suas principais áreas de estudo a psicanálise e a crítica cultural. Em seus escritos, ele frequentemente utiliza a ironia como um recurso retórico para destacar contradições e hipocrisias presentes na sociedade e na cultura.
De acordo com Žižek, a ironia é uma forma de resistência à ideologia dominante, uma vez que ela expõe a falência do discurso estabelecido e o coloca em xeque. Ao utilizar a ironia, Žižek busca mostrar como a ideologia se sustenta através de contradições e equívocos, que são frequentemente mascarados pelo discurso oficial.
No artigo "Ironia, Desconstrução e Política em Slavoj Žižek", publicado na revista Texto Digital, o autor analisa o uso da ironia na obra de Žižek, destacando como ela é empregada para revelar as ambiguidades e limitações do discurso político e cultural contemporâneo.
Já no artigo "A ironia e o apocalipse", publicado no jornal Valor Econômico, o autor discute como a ironia pode ser vista como uma forma de enfrentar o apocalipse, entendido não como um evento iminente de fim do mundo, mas sim como uma condição existencial que caracteriza a sociedade contemporânea.
Nesse contexto, a ironia seria uma forma de resistência à cultura de massa e à ideologia dominante, que tentam nos convencer de que tudo é possível e de que a realidade pode ser manipulada ao nosso bel-prazer. Ao expor as contradições e as limitações do discurso oficial, a ironia nos permite ver a realidade de forma mais crítica e consciente, possibilitando assim a construção de um mundo mais justo e equitativo.
Em suma, para Žižek, a ironia é um recurso retórico que permite revelar as contradições e as hipocrisias presentes na sociedade e na cultura, sendo uma forma de resistência à ideologia dominante e uma maneira de enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.
Os filmes Slasher
Slasher é um subgênero de filmes de terror que se caracteriza pelo uso de um assassino mascarado que persegue e mata um grupo de pessoas de forma violenta e gráfica. "Scream", dirigido por Wes Craven em 1996, é um dos filmes mais conhecidos do gênero slasher e, além de apresentar a ironia como um elemento inovador, também apresenta elementos que o distinguem dos filmes de terror tradicionais.
De acordo com o artigo "Slashers, Horror and Postmodernity", publicado na revista Studies in Australasian Cinema, os filmes de slasher surgiram na década de 1970, em um momento de mudanças socioculturais significativas, como a segunda onda feminista, a Guerra do Vietnã e o movimento pelos direitos civis. Como resultado, esses filmes frequentemente apresentam questões sociais e políticas subjacentes, como o papel da mulher na sociedade ou a violência urbana.
No livro "Naked and Undead: The Rise of the Zombies and the End of the World", a autora Cynthia Freeland explora como o gênero slasher apresenta uma visão de mundo pessimista e apocalíptica, caracterizada pela violência, morte e destruição. Segundo ela, esses filmes refletem os medos e ansiedades da sociedade contemporânea, como a falta de segurança e o colapso da ordem social.
Já o artigo "Women as Victims in the Horror Film", de Carol J. Clover, argumenta que os filmes de slasher apresentam a figura feminina como vítima e objeto de desejo do assassino. Segundo a autora, a violência sexual e o sadismo presente nesses filmes refletem a posição subordinada da mulher na sociedade e servem para reforçar estereótipos de gênero.
Por fim, o artigo "The Evolution of the Slasher Film: A Brief History", publicado na revista Articulate, destaca que os filmes de slasher evoluíram ao longo do tempo, incorporando novos elementos e se adaptando às mudanças culturais. O autor destaca que "Scream" foi um dos filmes mais influentes do gênero, apresentando uma abordagem metalinguística e consciente de si mesma que o distinguia dos filmes de terror tradicionais.
Em resumo, o gênero slasher é caracterizado pelo uso de um assassino mascarado que persegue e mata um grupo de pessoas de forma violenta e gráfica. "Scream", dirigido por Wes Craven em 1996, é um exemplo importante do gênero, apresentando a ironia como um elemento inovador e se adaptando às mudanças culturais. Além disso, os filmes de slasher frequentemente refletem questões sociais e políticas subjacentes, como a posição da mulher na sociedade e a violência urbana.
Considerações (ou não)
Abordamos diversos assuntos relacionados ao cinema, como a inovação do filme "Scream" com o uso da ironia, a interpretação zizekiana da ironia como uma forma de crítica social e a análise do gênero slasher, com destaque para o papel da figura feminina e como esses filmes refletem os medos e ansiedades da sociedade contemporânea. Cruzando diferentes referências, pudemos explorar esses temas de forma mais ampla e compreender melhor a influência e o impacto do cinema em nossa cultura e sociedade
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Ironia na extrema direita.
A ironia pode ser usada por grupos políticos de diversas orientações ideológicas, incluindo a extrema direita. O uso da ironia por esses grupos muitas vezes visa descredibilizar ou ridicularizar posições opostas ou minorias sociais, utilizando o humor como uma forma de dissimulação e desvio de responsabilidade.
Um exemplo desse uso da ironia é o programa de televisão brasileiro "Pânico na TV", que posteriormente mudou seu nome para "Pânico na Band". O programa ganhou destaque na década de 2000 por sua abordagem humorística e muitas vezes polêmica de questões sociais e políticas.
No entanto, críticos apontaram que o programa frequentemente utilizava a ironia e o humor para ridicularizar minorias sociais, como pessoas LGBT+, mulheres e negros, além de propagar discurso de ódio e preconceito. O programa também foi criticado por sua simpatia a políticos de extrema direita e por promover valores conservadores.
Assim, o uso da ironia e do humor como máquinas de propaganda pode ser uma estratégia para difundir ideias de grupos políticos, incluindo aqueles que defendem posturas extremistas. É importante estar atento a esse tipo de discurso e questionar a forma como a ironia e o humor são usados na mídia e na política
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