Piqueteiros: Farol do Lumpemproletariado

 Piqueteiros: Farol do Lumpemproletariado 



O movimento dos "piqueteros" na Argentina é uma expressão da luta da classe trabalhadora por direitos e condições dignas de vida. Surgido há 20 anos, esse movimento foi composto principalmente por trabalhadores desempregados que buscavam chamar atenção para suas demandas e reivindicações.

A origem do movimento dos "piqueteros" está ligada à crise econômica e social que afetou a Argentina na década de 1990. Com a falta de emprego e a ausência de proteção social, muitos trabalhadores se viram sem meios de sobrevivência e sem perspectivas de melhoria. Nesse contexto, surgiu a necessidade de se organizar e lutar por condições mais justas.

Os "piqueteros" se destacaram por suas manifestações e bloqueios de estradas, que chamavam a atenção para as suas reivindicações e exigências. A organização dos "piqueteros" era baseada em grupos autônomos, que se reuniam periodicamente para discutir suas ações e definir suas demandas. Além disso, o movimento buscava a união com outros setores da classe trabalhadora, incluindo empregados e estudantes, ampliando ainda mais sua força e sua capacidade de pressão.

Devemos sempre lembrar destas duas décadas onde ocorreu na Argentina a Revolta dos Piqueteros, um movimento social que ganhou força a partir de manifestações de desempregados e excluídos que se organizavam em piquetes nas estradas do país. Os piqueteros eram liderados por movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e o Movimento Nacional dos Piqueteros (MNP), que lutavam por direitos básicos como trabalho e acesso à moradia.


Os piqueteros foram um fenômeno na Argentina, tendo em vista sua capacidade de mobilização e organização, que chegou a ser comparada com os movimentos sociais dos anos 1960 e 1970 na Europa e nos Estados Unidos. O movimento piquetero foi criado em 1996, como uma resposta à crescente pobreza e exclusão social na Argentina, decorrentes das políticas neoliberais adotadas pelo governo da época.

A luta dos piqueteros pela justiça social e pela inclusão econômica inspirou muitos outros movimentos sociais em todo o mundo. A Revolta dos Piqueteros deixou um legado importante para as lutas populares na América Latina e além, sendo reconhecida como um marco histórico para a resistência popular contra a opressão e a exclusão social.

O lumpemproletariado é um termo usado na teoria marxista para se referir às pessoas que não têm nenhuma conexão com a classe trabalhadora organizada e que são geralmente excluídas do sistema econômico e político. Essas pessoas incluem os pessoas em situação de rua, os marginalizadoa, os criminosos, além de pessoas declaradas pelos liberais como inempregaveis que caem em outras atividades como os vendedores ambulantes, os trabalhadores informais e outros grupos que são vistos como "fora da lei" ou "à margem" da sociedade.

Diferente dos marxistas, os liberais consideram a taxa natural de desemprego na teoria liberal, também conhecida como NAIRU (Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment), é definida como a taxa de desemprego que se mantém estável no longo prazo sem causar inflação acelerada.

De acordo com a teoria liberal, a economia funciona melhor quando o mercado de trabalho é flexível e a taxa de desemprego flutua naturalmente de acordo com as mudanças na oferta e demanda de trabalho. A taxa natural de desemprego seria, então, um resultado do equilíbrio entre a oferta e a demanda de trabalho, sem a interferência de políticas governamentais ou choques externos.

Já Marx aponta que  o desemprego é uma consequência do sistema capitalista. A dinâmica do capitalismo, segundo Marx, é baseada na acumulação de capital pelos proprietários dos meios de produção, em detrimento dos trabalhadores que vendem sua força de trabalho.

Para manter os lucros, os proprietários dos meios de produção precisam manter os salários baixos e maximizar a produção. Como resultado, em períodos de crise econômica ou de queda da demanda, a empresa pode optar por reduzir os custos demitindo trabalhadores. O desemprego é, portanto, um resultado da necessidade do capitalismo de manter os lucros e de maximizar a produção.

O exército industrial de reserva é uma teoria que surge da análise de Marx sobre o desemprego. Segundo o mesmo, o exército industrial de reserva é composto por trabalhadores que estão disponíveis para serem contratados, mas que não encontram emprego imediatamente. Eles representam uma reserva de mão de obra que pode ser acionada rapidamente em momentos de alta demanda ou de aumento da produção. O exército industrial de reserva contribui para manter os salários baixos, pois há sempre um grande número de trabalhadores dispostos a aceitar empregos com salários mais baixos. Ou seja, o trabalho é só mais um custo.

Assim, na teoria marxista, o desemprego é uma característica intrínseca do sistema capitalista, e o exército industrial de reserva é uma das formas pelas quais os trabalhadores são mantidos em uma situação de precariedade, com salários baixos e instabilidade no emprego. Isso gera o Lumpemproletariado.

Este movimento social na Argentina é composto principalmente por membros do lumpemproletariado. Mais ou menos radicalizados, organizados por fora dos tradicionais sindicatos.

Atualmente, os piqueteros continuam atuantes na Argentina, embora em menor escala do que no auge do movimento. Eles enfrentam novos desafios, como a pandemia da COVID-19 e as políticas neoliberais que ainda prevalecem no país. No entanto, seu exemplo de organização e mobilização continua inspirando muitos outros movimentos sociais que lutam por justiça social e inclusão econômica.

O movimento dos "piqueteros" foi uma expressão da luta da classe trabalhadora e Lumpemproletariados na Argentina e um exemplo de como a organização e a união dos trabalhadores podem ser eficazes na busca por mudanças sociais e políticas. No entanto, também destacou a necessidade de uma ação política e governamental mais comprometida com a proteção dos direitos e das condições de vida da classe trabalhadora

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